Quando um a criança se apaixona por um adulto dizemos que é normal, apelidamos de Complexo de Édipo (um filho apaixonado pela mãe) e deixamos pra lá. Mas se é o contrário, uma relação do tipo Lolita, condenamos, afastamos o casal e chamamo esse comportamento de pedofilia.
Acontece que Édipo e Jocasta eram heterossexuais assim como Lolita e Humbert Humbert. A Grécia antiga fala de jovens que eram educados por homens adultos e que com eles não tinham parentesco. Essa educação incluía aí o ato sexual, praticado sempre com o mais novo no papel de passivo em relação ao mais velho.
Vem daí então esse imaginário que diz que os homossexuais se apaixonariam pelo pai e com ele desejariam ter relações sexuais?
Na realidade, os homens mais velhos estupram as filhas, quase não existem casos de pai estuprando o filho por vários motivos que vão desde o machismo até a falta de denúncia.
Toda vez que na pornografia gay o tema do jovem transando com o velho se apresenta, a relação é pouco afetiva. Pode ser o professor que aplica castigo no mal aluno, o pai que descobre que o filho estava se masturbando no quarto, o empegado que seduz o filho do patrão, enfim, apresenta-se uma relação de poder onde o sexo é forçado (ou sugere) e deixa de lado a relação de amor e respeito que um pai tem com o filho.
O que pode acontecer na verdade é um padrasto que mantém uma relação paralela com o filho na ausência da mãe. Mas essa temática, muito mais comum no Brasil quase nunca é abordada nas fantasias eróticas tornadas vídeo. Assim como o jovem indefeso do filme nunca é negro, porém o homem mais velho que o seduz ou violenta as vezes é apresentado assim. Traços da cultura.
Encontrei um filme de aproximadamente 40 mim que mostra um outro viés da relação de pai e filho: a iniciação sexual. Prática muito difundida aqui no Brasil que tem produzido grandes traumas entre os homens.
O pai, quando percebe que o filho já está em idade reprodutiva o leva até uma área de prostituição da cidade e o obriga a manter relações sexuais com uma puta. Por vezes o próprio pai já utilizou os serviços da profissional ou pior, ele participa da transa fazendo do descabaçamento um ato ainda mais grotesco.
Chegamos aqui ao ponto mais perverso da relação entre pai e filho: todo ato sexual feito sem consentimento ou por coação é considerado estupro. Portanto, no Brasil os homens virgens são estuprados pelo pai. E como o machismo não permite que o faça com o próprio falo, ele contrata uma vagina para que se consuma o crime.
O pai como bom voyer, faz questão de saber como foi a transa. Ele paga pela virgindade do filho e orgulhoso disso pede que o rapaz conte a experiência foi enriquecedora. Caso contrário, o filho não será macho o suficiente. Não há espaço para recusas e nem para frustração. O rapaz faz por obrigação e precisa sentir prazer com isso. Parece cena de filme sadomasoquista mas é a cultura brasileira.
Sexo e violência são indissociáveis
Isso porque o corpo sempre é um instrumento de sedução. A forma como ele encanta é que varia e qualquer crítica direcionada ao corpo é no sentido de dizer que ele não seduz. Exemplo disso são as ofensas que usualmente dirigimos aos outros. Chamamos de: feio, sujo, relaxado, mal arrumado, fora de forma, torto, e tantas outras palavras que poderia usar para denegrir o corpo do outro.
Acontece que Édipo e Jocasta eram heterossexuais assim como Lolita e Humbert Humbert. A Grécia antiga fala de jovens que eram educados por homens adultos e que com eles não tinham parentesco. Essa educação incluía aí o ato sexual, praticado sempre com o mais novo no papel de passivo em relação ao mais velho.
Vem daí então esse imaginário que diz que os homossexuais se apaixonariam pelo pai e com ele desejariam ter relações sexuais?
Na realidade, os homens mais velhos estupram as filhas, quase não existem casos de pai estuprando o filho por vários motivos que vão desde o machismo até a falta de denúncia.
Toda vez que na pornografia gay o tema do jovem transando com o velho se apresenta, a relação é pouco afetiva. Pode ser o professor que aplica castigo no mal aluno, o pai que descobre que o filho estava se masturbando no quarto, o empegado que seduz o filho do patrão, enfim, apresenta-se uma relação de poder onde o sexo é forçado (ou sugere) e deixa de lado a relação de amor e respeito que um pai tem com o filho.
O que pode acontecer na verdade é um padrasto que mantém uma relação paralela com o filho na ausência da mãe. Mas essa temática, muito mais comum no Brasil quase nunca é abordada nas fantasias eróticas tornadas vídeo. Assim como o jovem indefeso do filme nunca é negro, porém o homem mais velho que o seduz ou violenta as vezes é apresentado assim. Traços da cultura.
O pai, quando percebe que o filho já está em idade reprodutiva o leva até uma área de prostituição da cidade e o obriga a manter relações sexuais com uma puta. Por vezes o próprio pai já utilizou os serviços da profissional ou pior, ele participa da transa fazendo do descabaçamento um ato ainda mais grotesco.
Chegamos aqui ao ponto mais perverso da relação entre pai e filho: todo ato sexual feito sem consentimento ou por coação é considerado estupro. Portanto, no Brasil os homens virgens são estuprados pelo pai. E como o machismo não permite que o faça com o próprio falo, ele contrata uma vagina para que se consuma o crime.
O pai como bom voyer, faz questão de saber como foi a transa. Ele paga pela virgindade do filho e orgulhoso disso pede que o rapaz conte a experiência foi enriquecedora. Caso contrário, o filho não será macho o suficiente. Não há espaço para recusas e nem para frustração. O rapaz faz por obrigação e precisa sentir prazer com isso. Parece cena de filme sadomasoquista mas é a cultura brasileira.
Sexo e violência são indissociáveis
Isso porque o corpo sempre é um instrumento de sedução. A forma como ele encanta é que varia e qualquer crítica direcionada ao corpo é no sentido de dizer que ele não seduz. Exemplo disso são as ofensas que usualmente dirigimos aos outros. Chamamos de: feio, sujo, relaxado, mal arrumado, fora de forma, torto, e tantas outras palavras que poderia usar para denegrir o corpo do outro.
Dissecando o filme
A primeira coisa que devemos perceber é a relação de poder que é explicitada pelo uso de um uniforme policial usado pelo pai e por seu colega de trabalho.
São figuras de comando, representam a lei, no sentido de punição e repressão. Em seguida, prestem atenção no cenário, familiar, aconchegante, caseiro. O colega de trabalho do pai irá passar a noite em sua casa, dormindo no sofá da sala, o filho em seu quarto e o pai no outro.
A força da lei representada pelos homens adultos uniformizados é equivalente. Não existe disputa entre eles. Isso fica claro na segunda cena, quando os dois urinam ao mesmo tempo no vaso sanitário. O adolescente que ainda não pertence ao universo adulto, observa. Para que ele faça parte desse círculo é preciso um ritual de iniciação. Por enquanto ele é um mero expectador.
Quando o colega de trabalho do pai está dormindo só de samba cansão no fofá da sala, o rapaz chega, ou seja, é ele quem procura, quem provoca. Não se trata aqui de pedofilia ou de estupro de vulnerável, mas sim de sexo consentido. E a julgar pelo porte físico do rapaz que interpreta o filho, podemos imaginar que ele já tenha uns 17 anos pelo menos.
Outra característica importante de notar são os pelos que só aparecem no corpo dos adultos, demarcando assim a diferença de idade dos personagens. Aquele cliché do pau duro e dos rapazes sempre prontos para o sexo aqui funciona bem e dá consistência a história. Acaba ganhando profundidade quando a trilha sonora sugere o suspense. Um clima bem parecido com os filmes de sexo no mosteiro, com toda aquela rigidez militar e o silêncioda oração.
Em seis minutos a trama está desfeita, isto é, concluída. Temos o pai observando no funco da cena o filho segurar o cacete do colega de trabalho que finge estar dormindo e deixa claro que deseja o contato. O que pode se esperar para além depois disso?
Neste ponto é que o filme chama atenção. Justamente por evitar os antigos caminhos e propor uma história mais realista que as demais. Quem retira o véu e mostra a verdade é o colega do trabalho que abre os olhos e aponta o pai observando o filho. A máscara da hipocrisia está quebrada.
Sem saber o que fazer, o pai sai de cena dando consentimento para que o filho prossiga. Naquele núcleo erótico, todos estão de acordo. O filho, reparem, só entra no ritual de iniciação quando a farda da lei deixa de cobrir o corpo dos soldados. Mesmo assim, o pai ainda apresenta um símbolo de autoridade pendurado no pescoço.
Na verdade, o mestre de cerimônias é o colega do trabalho. Ele é quem comanda a ação. Com o retorno do pai a cena, delirante, porém excitado começa a interação; O rapaz deitado diz "Sucker" uma ordem para que o início do ritual. Fala com uma voz de comando tão firme que qualquer pessoa obedeceria.
Os homens da lei sentam-se no sofá de pau duro, pernas abertas, oferecendo-se pro muleke que até então usava um pijama de dormir. Ele tira o pijama e todos ficam absolutamente nus a não ser pelo colar que o pai traz no pescoço.
Durante o filme há uma insinuação de incesto. E justamente essa sugestão dá o clima do filme. Ela é que vai nos excitar e não a ação em si. A partir daí o que ocorre é uma brilhante narração de como é a iniciação sexual de um rapaz em um universo absolutamente gay. Filho e pai participam do mesmo gozo mas sem nunca se tocar. Uma poesia. E tanto a música como o cenário e a coreografia contribuem para reafirmar que aquela é uma relação de amor e respeito entre pai e filho. A unidade familiar está ali representada e não será desfeita.
Assistam e deixem seus comentários concordando ou discordando.
São figuras de comando, representam a lei, no sentido de punição e repressão. Em seguida, prestem atenção no cenário, familiar, aconchegante, caseiro. O colega de trabalho do pai irá passar a noite em sua casa, dormindo no sofá da sala, o filho em seu quarto e o pai no outro.
A força da lei representada pelos homens adultos uniformizados é equivalente. Não existe disputa entre eles. Isso fica claro na segunda cena, quando os dois urinam ao mesmo tempo no vaso sanitário. O adolescente que ainda não pertence ao universo adulto, observa. Para que ele faça parte desse círculo é preciso um ritual de iniciação. Por enquanto ele é um mero expectador.
Quando o colega de trabalho do pai está dormindo só de samba cansão no fofá da sala, o rapaz chega, ou seja, é ele quem procura, quem provoca. Não se trata aqui de pedofilia ou de estupro de vulnerável, mas sim de sexo consentido. E a julgar pelo porte físico do rapaz que interpreta o filho, podemos imaginar que ele já tenha uns 17 anos pelo menos.
Outra característica importante de notar são os pelos que só aparecem no corpo dos adultos, demarcando assim a diferença de idade dos personagens. Aquele cliché do pau duro e dos rapazes sempre prontos para o sexo aqui funciona bem e dá consistência a história. Acaba ganhando profundidade quando a trilha sonora sugere o suspense. Um clima bem parecido com os filmes de sexo no mosteiro, com toda aquela rigidez militar e o silêncioda oração.
Em seis minutos a trama está desfeita, isto é, concluída. Temos o pai observando no funco da cena o filho segurar o cacete do colega de trabalho que finge estar dormindo e deixa claro que deseja o contato. O que pode se esperar para além depois disso?
Neste ponto é que o filme chama atenção. Justamente por evitar os antigos caminhos e propor uma história mais realista que as demais. Quem retira o véu e mostra a verdade é o colega do trabalho que abre os olhos e aponta o pai observando o filho. A máscara da hipocrisia está quebrada.
Sem saber o que fazer, o pai sai de cena dando consentimento para que o filho prossiga. Naquele núcleo erótico, todos estão de acordo. O filho, reparem, só entra no ritual de iniciação quando a farda da lei deixa de cobrir o corpo dos soldados. Mesmo assim, o pai ainda apresenta um símbolo de autoridade pendurado no pescoço.
Na verdade, o mestre de cerimônias é o colega do trabalho. Ele é quem comanda a ação. Com o retorno do pai a cena, delirante, porém excitado começa a interação; O rapaz deitado diz "Sucker" uma ordem para que o início do ritual. Fala com uma voz de comando tão firme que qualquer pessoa obedeceria.
Os homens da lei sentam-se no sofá de pau duro, pernas abertas, oferecendo-se pro muleke que até então usava um pijama de dormir. Ele tira o pijama e todos ficam absolutamente nus a não ser pelo colar que o pai traz no pescoço.
Durante o filme há uma insinuação de incesto. E justamente essa sugestão dá o clima do filme. Ela é que vai nos excitar e não a ação em si. A partir daí o que ocorre é uma brilhante narração de como é a iniciação sexual de um rapaz em um universo absolutamente gay. Filho e pai participam do mesmo gozo mas sem nunca se tocar. Uma poesia. E tanto a música como o cenário e a coreografia contribuem para reafirmar que aquela é uma relação de amor e respeito entre pai e filho. A unidade familiar está ali representada e não será desfeita.
Assistam e deixem seus comentários concordando ou discordando.