9 de dezembro de 2012

PELADA - TIME DOS SEM ROUPA

 "Sándor FERÉNCZI (1990) sustenta que o narcisismo fálico está na estrutura da cultura ocidental, especialmente naquelas sociedades mais diretamente ligadas aos antigos greco-romanos: portugueses, espanhóis, italianos, árabes e todas as sociedades ao longo da bacia do Mar Mediterrâneo. Este narcisismo centrado no falo, na ‘virilidade’, nos aspectos psicofísicos ‘varonis’ enfim, seria um dos sustentáculos do machismo nestas culturas, bem como (e ao nível do consciente pode parecer paradoxal), do homoerotismo." leia aqui o artigo completo

 
 
No país do futebol, profissionais e amadores correm atrás da bola, divididos em dois grupos de onze jogadores nos campos de grama verdinha. Para que não se confundam os times durante a movimentação da partida, foram criados os uniformes. A excessão são os juíses e os goleiros que vestem cores diferentes.

Enquanto os apolos correm de um lado para o outro, por vezes evitando outras tantas desejando as colisões, surge o inusitado, aquele membro do grupo que não entra em campo, o torcedor. Ele sempre está no entorno do campo, torcendo pelo sucesso do time e cobrando desses trabalhadores incansáveis o cumprimento da unica meta possível, a vitória.

Buscando mais atenção que os outros torcedores, alguns criam fantasias, outros cantam músicas motivacionais e os mais ousados tiram a roupa e invadem o campo. O post de hoje é sobre essa nudez anônima que revela o desejo de quem assiste mas não confessa. Afinal, o amor pelo time é no fundo um amor homoafetivo, um amor pelos homens do time. Um grupo de onze homens e um segredo, a união deles nos motiva a torcer e grupo que eles formam, vira paixão, explode em violência, que é o desejo do contato com o corpo do outro, rompe a pele em forma de tatuagem, escorre em prantos se a derrota for inevitável.



No que se refere às relações intersubjetivas entre os homens e mais especificamente entre os torcedores, defendemos que o Futebol é um espaço onde a afetividade entre homens é admitida, diferentemente do que acontece no dia a dia. Assim, como no cotidiano dos homens não há um ‘meio termo’ entre suas interações físicas como há para as mulheres (aos homens heterossexuais só é permitido que se toquem para lutar ou no máximo para dar apertos de mão, enquanto que às mulheres heterossexuais são permitidos beijos, abraços, andar de braços dados, dançar) essa afabilidade masculina quando pode ser expressa se faz de forma efusiva, e o Futebol então pode ser encarado como um catalizador dessa afetividade ‘represada’
Trecho do mesmo atigo citado acima

 


Por outro lado, o espaço do Futebol, principalmente o das torcidas organizadas, funciona como a ‘casa dos homens’ descrita pelo antropólogo Maurice GODELIER (1977), ou seja, é um ambiente de homens para homens que constrói a masculinidade para aqueles que estão ‘entrando’ (através dos rituais de iniciação) e ao mesmo tempo reforça a masculinidade entre os membros ‘veteranos’. Este espaço viril exclui todos aqueles que se insurgem contra a ‘virilidade triunfante’ e a feminilidade em geral. Portanto, apreenderemos o Futebol não enquanto esporte (apenas), mas como um dos pilares organizadores das relações sociais, um codificador de condutas masculinas e instaurador de pautas de conversação, traçando regras de sociabilidade e fidelidade entre homens. 








Para quem gostou e quer mais putaria, acesse o blog peladão no futebol e seja feliz

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