Coletivo é uma palavra que anda muito em voga. Ela define a unidade de um grupo formado por diferentes elementos, reunidos sob determinado aspecto comum. No espaço virtual, poe exemplo, é fácil encontrar redes sociais, chats, blogs coletivos, sites colaborativos, como a wikipédia, e os fóruns de debates. Tal comportamento se repete também no mundo material, onde as pessoas de diferentes áreas de conhecimento tem se unido em torno do desenvolvimento de produtos e para propor soluções sob diferentes óticas, assim surgem os coletivos de moda, de arte, as ongs e as cooperativas. Movidos pela vontade humana de formar sociedades.
Os grupos às vezes são criados arbitrariamente, como é o caso dos três grandes reinos da biologia: o animal, o vegetal e o mineral. Por isso mesmo que alguns elementos ficam presos na intersecção de dois conjuntos, criando um estágio intermediário de existência. Pouco compreendida muitas das vezes.
Recife de corais
Para citar um caso concreto, temos os corais marinhos que por crescerem ao lado das algas são associados ao reino vegetal e na verdade são animais muito rágeis. Existem características nesses indivíduos que os fazem pertencer a um grupo, mas parecerem, aos nossos olhos, fazer parte de outro. Em biologia, chamamos de fenótipo as características visíveis e genótipo as invisíveis.
Observando a espécie humana, externamente somos de dois tipos: machos e fêmeas, o que se comprova pela existência de órgãos sexuais que permitem a reprodução. São chamados de homens aqueles que possuem pênis e de mulheres aqueles que possuem vagina. Mas o que fazer quando não temos o indivíduo na nossa frente para determinar o sexo biológico? Podemos então analisar o genótipo. O DNA, um código que determina a maior parte do funcionamento do corpo, como altura e cor da pele é onde encontraremos o cromossomo “X” que indica que se trata de uma mulher e o cromossomo “Y” comprovando que o indivíduo é um homem. Nada poderia ser mais simples, porém… Lembram do caso dos corais?
De todas as espécies que habitam o planeta, os seres humanos são os que tem organização mais complexa. Ao se reunírem, formam uma multidão, se estiverem organizados, chama-se de mutirão, se forem malfeitores, formam uma quadrilha, e se quando armados viram um exército. Mas se são especialmente treinados, formam a tropa de elite.
Ao falarmos de sexualidade humana, temos que considerar três comportamentos naturais, as interações heterossexuais, as homossexuais e as bissexuais. Digo que são naturais porque animais e tribos que vivem em territórios isolados (caso dos índios) reproduzem este comportamento.
Ao se tornar civilizado, o homem passou a ter uma padronização de comportamentos para entre, outras coisas, se reconhecerem como um grupo. Assim, criou-se a lei e a justiça, mas também a moda e a etiqueta, que tornavam uniformes as ações de cada indivíduo dentro do grupo.
A heterossexualidade foi eleita o melhor comportamento para iniciar uma civilização por dois motivos: um prático, que era garantir a descendência do grupo, e outro de ordem política, que era desconfigurar e desordenar o grupo que perdesse a guerra.
Então, de acordo com a história do ocidente, Roma ganha a guerra, apesar do presente de grego, e elege a religião cristã, com seu Deus único, como a melhor representante dessa nova era que surgia. Como vencedores, os romanos agora reescreveriam a história do mundo e destruiriam qualquer vestígio grego do comportamento daquele grupo, incluindo a prática das relações homossexuais como rito de passagem para a vida adulta. E assim se formou o mito da supremacia, dos vencedores heterossexuais, repetida até hoje pela mesma religião cristã do Deus único e suas derivadas.
Reparem bem que na cultura grega, havia um homem mais velho, chamado de erastes, que tinha função de educar, proteger, amar e agir como um exemplo para seu amado, chamado de eromenos, cuja recompensa para seu amante estaria em sua beleza, juventude e potencial. Essa relação era hierarquizada até nos momentos mais íntimos, ou seja, quando havia a prática de sexo, o ativo, aquele que penetra, era exclusivamente o mais velho, e o passivo, aquele que é penetrado, era o mais novo.
Desse modo, quando dizemos “eu sou espada”, estamos dizendo também que vencemos a guerra e que fizemos escravos os que sobreviveram (prática recorrente na época). E como havia a necessidade de humilhar os vencidos, era possível até que os mais velhos fossem estuprados pelos soldados romanos e desse modo rebaixados a condição de eromenos.
O que o imaginário hétero formado pelos cristão vencedores da guerra criou foi a imagem do homem mais velho que sai com garotos de programa jovens, bonitos e de corpos atléticos semelhantes à estátuas gregas.
Contudo, essa expectativa nem sempre se cumpre, mesmo porque a construção de uma supremacia heterossexual e as funções de cada indivíduo que forma o par ao longo da história foi questionada. Portanto, ao encontrar um casal gay ou lésbico, pergunte qualquer coisa menos a posição que eles assumem na cama, porque é constrangedor ter que responder isso.
Se o exército grego incentivava o ingresso de homossexuais e apoiava a formação de casais, pois acreditava que ao entrar em combate, ambos teriam mais determinação e coragem, defendendo um ao outro, os romanos dirão que a fraqueza do exército perdedor foi justamente essa permissividade. Ainda hoje usado como justificativa, que impede até hoje que homossexuais façam parte das forças armadas na maior parte do mundo. Contudo a formação de casais hétero é incentivada em Israel e nos Estados Unidos, considerados as tropas mais bem preparadas do mundo.
Durante muito tempo a homossexualidade não existiu. A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando “igual”) e Sexual (do latim). Desde então, foi chamada de doença, vício, pecado e associada à Aids. Todas as classificações anteriores caíram por terra, mas não deixaram de existir nos tratados de medicina e psicologia antigos, nos quais se baseiam todos os que se acham vencedores da guerra e pretende desmontar a história dos vencidos, riscando sua existência da face da Terra. Alguns usam até lâmpadas para isso.
A expressão homofobia foi criada em 1972, e é formada por dois radicais gregos: Homo (igual) e fobia (medo), literalmente medo ou aversão aos homossexuais. Mas esse o termo ao ser contestado e esvaziado de significado em diversas oportunidades gerou uma conclusão, a que na verdade a pessoa que sofre de homofobia acredita piamente na supremacia heterossexual a tal ponto de reviver a guerra romana e partir para a luta corporal, e em casos extremos, cometer assassinatos. Há inclusive estudos que apontam para uma memória akashica que guardariam registro de todas as vidas que existiram na Terra.
Embora exista um forte movimento na direção do reconhecimento do homossexual como um sujeito de direitos e na fragilidade do mito da supremacia heterossexual, há algumas legislações, como a brasileira, por exemplo, que não reconhecem o tratamento diferenciado dado a essas pessoas por parte do Estado. Este recusa-se a celebrar união matrimonial, não reconhece o casal como uma unidade familiar responsável pela adoção de uma criança e muito menos, reconhece que há um grupo de pessoas que são homofóbicas e portanto, potencialemente perigosas por se basearem apenas no fenotipo considerado homossexual para agredir, humilhar e matar.
DJ Yoji Biomehanika
O Rio de janeiro celebrou a 15º Parada do Orgulho Gay no dia 18 de Novembro. Era um fim de semana com feriado na segunda-feira, e a previsão de tempo indicava tempestade. Havia uma expectativa de 1,2 milhão de pessoas e compareceram entre 250 mil segundo a polícia militar e 800 mil de acordo com os organizadores. Do início ao fim foram vistos atos de homofobia. Desde uma simples reprovação ao beijo gay até lésbicas agarradas à força como se fosse uma micareta. E no fim, um tiro para nos calar só fez os ânimos se exaltarem ainda mais. O resto está estampado nos principais jornais e circula nos coletivos da cidade.
Manifeste-se!
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