30 de novembro de 2012

VALE TUDO

"Vale, vale tudo
Vale, vale tudo
Vale o que vier
Vale o que quiser

Só não vale
Dançar homem com homem
Nem mulher com mulher,
O resto vale"
*trecho da música "Vale tudo" de Tim maia

O mundo como conhecemos, esta sociedade baseada em imagens, criou uma cultura, um entretenimento baseado na divisão política do corpo. Homens de um lado, mulheres de outro e cada qual com suas atribuições.

Ainda no colégio, aprendemos que os índios brasileiros foram rejeitados como escravos no período da colonização porque a divisão do trabalho nestas sociedades tradicionais era muito desigual. Enquanto as mulheres cozinhavam e praticavam artezanato, os homens dormiam nas redes.

Uma grande mentira, os homens caçavam e guerreavam, por isso conheciam bem as florestas e escapavam com facilidade dos portugueses. Além disso, não suavam roupas e isso poderia ferir os olhos de uma sociedade baseada na cobertura dos corpospor inspiração católica.

No cinema, na televisão, no teatro e na música, apesar de se falar muito que o amor é um sentimento único, é afeto e carinho, é também uma forma de perpetuar a imagem dos casais heterossexuais como modelo ideal. Os gays também nasceram no mesmo universo simbólico, porém rejeitaram o modelo e criaram sua própria forma de experimentar a união.

E já que o casamento, aquela aliança no dedo de cada conjuje é tanto usada para gays como para não-gays, então podemos pensar em outros modelos sociais que perderam a exclusividade heteroafetivo/sexual.

A dança, por exemplo. É sempre composta por pares de sexos opostos, ou modernamente falando, é executadas em grupos sem que os corpos se toquem permitindo que cada um se exiba da forma que quiser. E crie uma relação voyerista entre o observador e o observado.

Vamos assistir juntos ao vídeo abaixo, onde dois homens dançam um tango. A primeira coisa que eu pensei foi "quem vai fazer o papel feminino?". NInguém! Mesmo assim, as pessoas insistem em perguntar ao casal gay quem é o marido e quem é a esposa. São dois maridos. Mas como? O vídeo mostra como.


O movimento dos bailarinos e seus rodopios nos fazem tremer diante da possibilidade de haver em todo mundo uma representação homossexual cada vez maior na televisão, teatro, cinema, publicidade e nas comemorações de aniversário em família.

Esse tremor que sentimos, não é medo, é uma vibração positiva, uma forma de se ver representado fora do corpo e para além de qualquer fantasia. Semelhante aos negros que aos poucos conseguiram visibilidade a ponto de derrubarem o pré-conceito de raças, os homossexuais estão dando exemplos claros de que o universo das sexualidades humana e os papéis de gênero ainda precisam muito de reflexão, experimentação e vivência.

Quam vai me tirar para dançar?




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